Design – A evolução das “espécies”
Não há design sem conteúdo, nem há design sem informação.
Todo o projeto criado tem o seu teor, seja o trabalho criado em cima do joelho – com uma ideia que apareceu quando estávamos no sítio menos propício a que tal acontecesse, como o conceito com vários dias de planeamento, com um briefing excelente por parte do account ou uma maquete mais ou menos bem esgalhada pelo cliente. A diferença entre a peça criada, tanto num caso como no outro, está apenas no produto final – o objeto que concretiza esse conceito.
Nos dias que correm, a ideia que circula nas Tecnologias de Informação (TI) é a de que o minimalismo é o caminho a seguir. A noção de que o design Apple é o ex-libris das ideias Web 2.0, que converte e faz convergir a arte (aqui leia-se Design) para um caminho fraco e sem ideias novas. É impossível haver evolução no minimalismo, pelo menos uma evolução bem sustentada. Relembramos que o minimalismo já dura há 12 anos.
Sim… o design dos aparelhos, ratos, teclados, telemóveis e iMacs são excelentes, mas são objetos inanimados, decorativos. O design enquanto comunicação deve ter movimento, pois sem movimento apenas há arte, e arte sem movimento e dinâmica é apenas isso… arte!
O design é muito mais; é a arte aliada ao conteúdo. É esta união que gera informação, o móbil necessário para que a peça, movel ou estática, funcione e transmita a mensagem nela contida, ou apenas a informação que se quer transmitir. Já dizia Leo Burnett: “A imagem é tudo. O segredo da originalidade na propaganda não está na criação de palavras e imagens novas e complicadas, mas em colocar palavras e imagens familiares em novos relacionamentos.”
Os componentes que constituem o design de informação – foco no recetor, analogia, clareza, ênfase, coloquialidade, oportunidade, estabilidade, entre outros, fazem parte da comunicação Apple, falta-lhe apenas possibilidade de evolução.
Se olharmos para o logótipo Apple no passado (cor) e hoje (ausência de cor), chegamos facilmente à conclusão que a marca atingiu o seu clímax – a sua evolução acabou. A transmissão desse conceito para o Web design e para a publicidade, apesar de atrativa (além de ser como as pilhas Duracell) afundou o mercado numa espécie de loop que condiciona a criatividade.
Assim, a libertação é difícil, o caminho a seguir terá de ser sofrível. No entanto, se considerarmos que o design nos anos 90 era uma espécie de kitch, com ruído, e que daí surgiu repentinamente o minimalismo Apple, então podemos ficar descansados. Significa que, se passarmos daqui para o vintage, ninguém ficará chocado, nem se sentirá ofendido por o seu produto passar a ser representado por uma senhora ou senhor vestido à anos 60, estilo PHILLIPS.
O design tornou-se “mercenário”, o cliente quer um site Apple – toma lá. É difícil convencer ou explicar as vantagens de sair da box, ser diferente… Não, é algo como: se os meus concorrentes têm um site Apple, eu também quero um.
Seria interessante verificar se Oliviero Toscani tivesse recebido a mesma resposta por parte da Bennetton quando apresentou a sua ideia para a primeira campanha que chocou o mundo e veio a colocar a marca no seu auge.
A verdade é que se precisa de evolução no design. A criatividade estará sempre lá, uns têm mais que outros, mas ela existe, só que…. no design a criatividade morre sem evolução.